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Postagens

Tirando o pó

Olá, pessoal! Esse post tem como objetivo tirar o pó, ou melhor, começar uma bela faxina nesse blog que está abandonado há quase dois anos , mas já existe há oito anos . Para quem acompanhava meu antigo blog ou para quem está conhecendo a minha existência agora, segue uma breve explicação: O Todos os Verbos é um blog que eu criei sem nenhuma pretensão e somente pra postar meus textos mais "viajados", poesias, contos e conteúdos nessa vibe. Nunca divulguei muito porque sempre tive outros blogs e me dedicava mais a eles. Além disso, sempre tive vergonha de mostrar esses meus textos mais íntimos. Porém, no entanto, todavia, no fim do ano passado tive um problemão com o meu antigo blog, o Buscando o Foco. Ele foi invadido por hackers e ficou todo bagunçado . O custo pra correção foi muito alto, sem contar os gastos que eu já tinha com hospedagem. Essa foi a gota d'água que faltava pra transbordar meu copo de desânimo com ele. Depois de muito refletir e avali
Postagens recentes

Um coração para as almas perdidas

"Porque às vezes...meu coração não responde, só se esconde e dói..." (Zélia Duncan) Sua vida foi sempre marcada pelas histórias amorosas mais malucas. E quem nunca teve um estranho amor? Todas as vezes que pensava nas loucuras sentimentais que havia vivido, se questionava o que era pior: os amores fora do padrão ou nunca ter amado. A segunda opção sempre parecia mais assustadora. Mas sentia falta de ter a sorte de um amor tranquilo. Apesar da certeza de que não nascera para ser uma pessoa normal, talvez encontrasse alguém que compartilhasse essa vida de estranheza. Ou não. Seu coração era uma imã para almas perdidas.

ELA

Mais um aniversário. Nunca me imaginei como uma Balzaquiana, e nem de longe me sinto uma. Aliás, como deveria sentir-se uma mulher de 30 anos? Como deveria sentir-se uma mulher? Sei que ainda sou uma, mas é compreensível que eu não saiba o que pensar na atual situação que me encontro. Todos estão aqui: minha mãe, meu pai, Letícia, tia Carmen e tio Rubens. Depois de me cumprimentarem, trocarem aqueles olhares tristes e a minha mãe disfarçadamente enxugar a bendita lágrima, tiveram que encontrar um assunto para tornar aquela reunião o mais próxima de uma comemoração normal. Letícia contou que foi demitida do escritório de advocacia. Lembro que ela havia me contado que estava trabalhando em um prédio maravilhoso na Av. Paulista, e que tinha gastado uma pequena fortuna comprando roupas novas. Sei que ela conversava comigo de acordo com as orientações dos médicos, que diziam que eu ouvia e entendia tudo perfeitamente, mas nesse dia tive vontade de dizer: “Sério que você

A Fagulha

Havia o fogo, Ele ardia, queimava com toda a força e nem se abalava com os ventos que passavam vez ou outra perto dele. Era imponente, com suas chamas sempre altas e seu calor espalhado por todos os lugares. Porém, com o passar dos anos, o fogo começou a diminuir lentamente... O clima ao seu redor se tornava cada vez mais frio, e os ventos pareciam vir dispostos a acabar com a sua força. Ele não conseguia evitar, e foi se apagando aos poucos, deixando-se levar pela frieza que o rodeava. Em cada chama perdida, havia a tristeza por não conseguir vencer o tempo ruim. Mas, apesar de forte e impiedoso, o frio não conseguia apagar por completo o fogo. Ele soprava, rodeava e ás vezes até achava que havia conseguindo congelar todas as chamas, mas uma única e solitária fagulha insistia em continuar acessa. Ela lembrava de como era feliz quando era grande e forte, e se recusava a apagar para sempre. A fagulha era tão persistente, que um dia o vendaval começou a enfraquecer. Aos pouco

Ana e os óculos

Ana tinha um problema de visão terrível. Não era miopia, nem astigmatismo e nem hipermetropia. Mas, para resolvê-lo, ela abusava dos óculos. Tinha vários, tantas opções que conseguia trocar várias vezes ao dia. Mas havia dias que a sua deficiência estava tão acentuada, que nenhum óculos conseguia corrigir. As pessoas diziam "Hei, Ana, olhe...você não viu direito"! Ela se esforçava, limpava as lentes, olhava mais de perto...mas continuava sem enxergar o que todo mundo via. Isso a deixava desesperada, pois ninguém acreditava nela. No trabalho ou durante os momentos com seus amigos e sua família, Ana fazia de tudo para colocar seu melhor óculos. Mas, ela sabia que precisava de uma lente especial, que ajustasse sua visão distorcida para sempre. Era não era a única que tinha esse problema, e a cada dia descobria que mais pessoas enxergavam o mundo como ela. Todos procuravam a sua lente especial, e ela acreditava que um dia conseguiria encontra-lá. Enquanto isso, ela aprend

Olhe mais fundo

Solange pegava todos os dias o mesmo metrô, aproximadamente no mesmo horário, e ficava em pé no vagão sempre no mesmo local. Olhava sempre para frente, para a janela, onde via diariamente os mesmos prédios cinza, os carros parados no trânsito e as pessoas indo trabalhar. Nesse dia, estranhamente o céu estava diferente. O azul se misturava com o amarelo do sol de tal forma, que até Solange percebeu. A luz penetrou a janela e refletiu em seu relógio, fazendo o reflexo passear por entre as pessoas que estavam ali. Ela acompanhou esse rápido movimento e se surpreendeu. A senhora sentada em sua frente estava cabisbaixa, tinha o olhar triste e distante, pensava em algo não muito agradável. O rapaz ao lado também tinha o mesmo olhar distante, mas sorria, mesmo estando naquele vagão abafado e barulhento. Estava feliz. Um homem estava com a namorada, observando ela falar sobre a amiga da amiga que ficou com o vizinho na balada. Apesar da mão colocada carinhosamente na cintura da moça, o o

Uma carta para o passado

Mais uma manhã de aula. E como todos os dias, Ana voltava para casa com as suas amigas. A escola era seu pegueno mundo, de onde tirava suas referências e suas experiências. Era a mais acanhada das amigas e talvez por isso, não chamasse tanto a atenção dos garotos. Afinal, ausência de beleza e de desenvoltura não é a combinação dos sonhos quando se tem 15 anos. Era apaixonada por Miguel, um garoto de sua turma. Ela nem sabia o porque, pois ele nem era bonito e também nem era tão legal, mas via algo de especial no menino. Ela o amava. Miguel, por sua vez, não via nada de especial nela. Ignorava sua existência e dava em cima da amiga de Ana, que parecia não ligar para o fato de que ela sofria calada ao ver isso. Ela gostava muito de suas amigas e fazia de tudo para agradá-las e vê-las felizes, apesar de isso criar feridas que dóiam muito ás vezes. Em certos momentos, sentia-se terrivelmente sozinha e achava que nunca seria feliz, pois só enxergava felicidade nas pessoas ao redor. E