tag:blogger.com,1999:blog-24243644426612063082024-03-13T10:09:08.162-07:00Todos os verbos"Todos os verbos do mundo"Talita Cruzhttp://www.blogger.com/profile/13245492853618129678noreply@blogger.comBlogger14125tag:blogger.com,1999:blog-2424364442661206308.post-42954566900862832712018-05-03T18:35:00.000-07:002018-05-07T16:35:43.268-07:00Tirando o pó<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://3.bp.blogspot.com/-kvdHJ3XGNOM/Wuu4mh3UkqI/AAAAAAAAE-c/6X_oVPbWRxgyVgNfWMYnKvhKJZxMsXRvgCLcBGAs/s1600/meme-21947--voltei%2521%2521%2521.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="400" data-original-width="400" height="320" src="https://3.bp.blogspot.com/-kvdHJ3XGNOM/Wuu4mh3UkqI/AAAAAAAAE-c/6X_oVPbWRxgyVgNfWMYnKvhKJZxMsXRvgCLcBGAs/s320/meme-21947--voltei%2521%2521%2521.jpg" width="320" /></a></div>
<div>
<br /></div>
<div>
Olá, pessoal!</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Esse post tem como objetivo tirar o pó, ou melhor, começar uma bela faxina nesse blog que está abandonado há quase <b>dois anos</b>, mas já existe há <b>oito anos</b>. Para quem acompanhava meu antigo blog ou para quem está conhecendo a minha existência agora, segue uma breve explicação:</div>
<div>
<br /></div>
<div>
O Todos os Verbos é um blog que eu criei sem nenhuma pretensão e somente pra postar meus textos mais "viajados", poesias, contos e conteúdos nessa vibe. Nunca divulguei muito porque sempre tive outros blogs e me dedicava mais a eles. Além disso, sempre tive <b>vergonha de mostrar esses meus textos mais íntimos.</b></div>
<div>
<br /></div>
<div>
Porém, no entanto, todavia, no fim do ano passado tive um <b>problemão</b> com o meu antigo blog, o Buscando o Foco. <b>Ele foi invadido por hackers e ficou todo bagunçado</b>. O custo pra correção foi muito alto, sem contar os gastos que eu já tinha com hospedagem. Essa foi a gota d'água que faltava pra transbordar meu copo de desânimo com ele. Depois de muito refletir e avaliar os prós e contras, resolvi encerrá-lo.</div>
<div>
<br /></div>
<div>
A partir de então, tive 4 opções:</div>
<div>
<br /></div>
<div>
1 - Criar um blog totalmente do zero;</div>
<div>
2 - Desistir da blogsfera e produzir conteúdo em outra plataforma, como Medium, Instagram, etc;</div>
<div>
3 - Não escrever mais nada na internet e seguir a vida;</div>
<div>
4 - Ressuscitar esse blog e ver no que dá.</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Bom, já sabem a opção que eu escolhi, né? Rs.</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Então é isso, vou começar aos poucos, meio sem muita certeza do que vou escrever aqui, mas com muita vontade de continuar blogando.</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Muito obrigada a todos que não desistiram de mim (hahaha) e até o próximo post :)</div>
Talita Cruzhttp://www.blogger.com/profile/13245492853618129678noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2424364442661206308.post-79075064311860747012016-02-28T19:48:00.002-08:002018-05-03T18:39:55.673-07:00Um coração para as almas perdidas<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://3.bp.blogspot.com/-MAAyxPEWWco/Wuu54IbZzuI/AAAAAAAAE-o/_zQoECR1KqM8XXiWX9-D0RJdyAT98_NjgCLcBGAs/s1600/reflexiva.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="683" data-original-width="1024" height="213" src="https://3.bp.blogspot.com/-MAAyxPEWWco/Wuu54IbZzuI/AAAAAAAAE-o/_zQoECR1KqM8XXiWX9-D0RJdyAT98_NjgCLcBGAs/s320/reflexiva.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<br />
"Porque às vezes...meu coração não responde, só se esconde e dói..." (Zélia Duncan)<br />
<br />
Sua vida foi sempre marcada pelas histórias amorosas mais malucas. E quem nunca teve um estranho amor? Todas as vezes que pensava nas loucuras sentimentais que havia vivido, se questionava o que era pior: os amores fora do padrão ou nunca ter amado. A segunda opção sempre parecia mais assustadora.<br />
<br />
Mas sentia falta de ter a sorte de um amor tranquilo. Apesar da certeza de que não nascera para ser uma pessoa normal, talvez encontrasse alguém que compartilhasse essa vida de estranheza. Ou não.<br />
<br />
Seu coração era uma imã para almas perdidas.Talita Cruzhttp://www.blogger.com/profile/13245492853618129678noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2424364442661206308.post-24551200658221865102015-11-12T15:37:00.003-08:002018-05-03T17:30:48.604-07:00ELA<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-CH7b5uY8Ccc/WuupqUtvpuI/AAAAAAAAE-M/ck7mdeQpHm8rVpohroHipzVry7XPuD0WQCLcBGAs/s1600/sonhar-com-hospital.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="378" data-original-width="720" height="168" src="https://1.bp.blogspot.com/-CH7b5uY8Ccc/WuupqUtvpuI/AAAAAAAAE-M/ck7mdeQpHm8rVpohroHipzVry7XPuD0WQCLcBGAs/s320/sonhar-com-hospital.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
Mais um aniversário.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Nunca me imaginei como uma
Balzaquiana, e nem de longe me sinto uma. Aliás, como deveria sentir-se uma
mulher de 30 anos? Como deveria sentir-se uma mulher? Sei que ainda sou uma,
mas é compreensível que eu não saiba o que pensar na atual situação que me
encontro.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Todos estão aqui: minha mãe, meu
pai, Letícia, tia Carmen e tio Rubens. Depois de me cumprimentarem, trocarem
aqueles olhares tristes e a minha mãe disfarçadamente enxugar a bendita
lágrima, tiveram que encontrar um assunto para tornar aquela reunião o mais
próxima de uma comemoração normal.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Letícia contou que foi demitida
do escritório de advocacia. Lembro que ela havia me contado que estava
trabalhando em um prédio maravilhoso na Av. Paulista, e que tinha gastado uma
pequena fortuna comprando roupas novas. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Sei que ela conversava comigo de
acordo com as orientações dos médicos, que diziam que eu ouvia e entendia tudo
perfeitamente, mas nesse dia tive vontade de dizer: “Sério que você está
reclamando de comprar roupas enquanto eu estou imóvel em uma cama de hospital
para sempre”? </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Tio Rubens lamentou e disse que a
crise estava acabando com o país. Meu pai começou a xingar a Dilma e amaldiçoar
todos que votaram nela. Letícia havia votado, e talvez nesse momento ela estava
feliz por saber que o segredo estava bem guardado comigo.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A conversa seguiu para outros
assuntos, mas o tom de lamentação era o mesmo. Sempre que aconteciam essas
reuniões, eu me perguntava: será que a vida deles está assim tão ruim mesmo, ou
é a minha presença que os obriga a mostrar essa infelicidade constante? Algo do
tipo: “Olha, estamos tristes, tá vendo? Ninguém aqui pode ser feliz com você
desse jeito”.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Não vou mentir: No começo, era
isso que eu queria. Quando comecei a perder os movimentos da perna, cerca de 2
meses depois das primeiras dores no joelho, não entendia muito bem o que estava
acontecendo com o meu corpo. Os médicos já apontavam a Esclerose como a
responsável por aquilo, mas eu ignorava completamente essa explicação.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Por que não existia explicação
para uma mulher de 25 anos, saudável, prestes a se formar e com todo o tempo do
mundo pela frente, de repente não conseguir mais andar. Nunca me achei bonita,
tinha traços muito diferentes do considerado “padrão ideal de beleza”. Olhos
muito grandes, boca pequena e a pele pálida, quase um fantasma. Os cabelos eram
muito ralos. <i>Que saudades de pentear meus cabelos. <o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Mesmo assim, sabia que era
inteligente e seria uma grande advogada. Fazia estágio em um escritório na
Berrini, cheio de prédios espelhados e gente bonita. Adorava respirar o ar de
poder que emanava daquele lugar. <i>Quanta besteira</i>.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
E foi na volta de um almoço que
eu comecei a sentir as primeiras dores no joelho. No dia eu nem liguei, mas os
dias intermináveis no hospital me fizeram buscar na memória o momento do inicio
do fim.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
As dores começaram a se
intensificar, até que um dia tive que faltar no estágio, pois não conseguia
andar direito. Procurei um ortopedista, os exames começaram, os movimentos
foram ficando cada vez mais limitados, até que o diagnóstico e a cadeira de
rodas vieram.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Eles diziam que poderia ser
genético. Era tudo muito injusto. E se já não bastasse eu destruir a vida da
minha família por estar ficando inválida, eu tive a capacidade de me tornar uma
sanguessuga da pior espécie.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText">
Quando via Letícia se arrumando para sair na noite de
sábado, talvez com a esperança de relaxar um pouco depois de passar a semana
cuidando da irmã aleijada, eu criava um drama. Dizia que precisava dela comigo.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Se via minha mãe no telefone, conversando
com tia Carmem e soltando uma risadinha qualquer, provavelmente após ela contar
alguma caduquice do tio Rubens, eu começava a “gemer” alto de dor, para que ela
viesse até mim. Não que eu realmente não sentisse dores, mas no começo elas não
eram tão lancinantes. Queria chamar a atenção o máximo possível, era
inaceitável qualquer resquício de felicidade perto de mim.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
No fundo, eu alimentava uma
ilusão quase inocente, de que tudo não passava de um momento de rebeldia do meu
corpo. Talvez algumas sessões de fisioterapia aliadas a uma medicação mais
pesada resolvessem aquilo</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Os meses foram passando, e com
eles, meus movimentos iam se despedindo do meu corpo. Quando meus braços se
paralisaram e precisei ser alimentada na boca como um bebê de 3 anos, minha
ficha começou a cair.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Minha vida tinha acabado.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A depressão chegou de certa forma
tardia, mas chegou. “É normal” – diziam os médicos para os meus pais. Meu único
pensamento era a morte, e maneiras de me matar. Mas como uma pessoa que não
consegue comer sozinha pode tirar a própria vida? Várias vezes fechei os olhos
e prendi a respiração, mas meus pulmões, apesar de frágeis, sempre venciam esse
desafio.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText">
Sabia que era questão de tempo perder a fala. E quando
aconteceu, considerei um passo a mais em direção a morte. Ou seja, não foi tão
ruim assim. Nesses dois anos esperando “o grande dia”, acho que já repassei em
minha mente todos os momentos em que eu poderia ter feito algo que não fiz.</div>
<div class="MsoBodyText">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText">
Já me lamentei por não ter comido aquela coxinha no happy
hour por conta da dieta, de não ter assistido aquele filme por que era muito
depressivo ir no cinema sozinha, por não ter transado com o Pedro por que ele
era feio (uma transa a menos na minha vida) e de coisas tão ridículas e
maravilhosas que eu não acredito até hoje que deixei de fazer.</div>
<div class="MsoBodyText">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText">
Isso adianta alguma coisa? É claro que não. Mas a minha
mente continua mais viva do que nunca. É impossível controlar os pensamentos
quando você sequer tem controle sobre sua mão. </div>
<div class="MsoBodyText">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText">
Existia uma grande vantagem na depressão. Ela me impedia
de pensar “e se eu tivesse saudável agora, o que poderia estar fazendo”. Isso
era uma grande dádiva, pois não suportaria ter sonhos a essa altura do
campeonato. Tinha apenas um desejo, que seria realizado em breve.</div>
<div class="MsoBodyText">
<br /></div>
<div class="MsoBodyText">
Sentiria saudades da sua família, mas aquele egoísmo do
começo já não existia mais. Apesar de gostar de ouvir vozes familiares de vez
em quando, não queria mais ser o estorvo da vida de todos.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Vejo os dias passarem, mas não
sei o que é segunda ou sexta. Não consigo mais definir o que é o tempo, só
espero a chegada de um outro tempo, em outra dimensão, ou sei lá onde for. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Enfim, a reunião acabou. Os
beijos na testa me fazem lembrar por alguns segundos que ainda sou um ser
humano, uma mulher balzaquiana. As portas se fecham, e alguma espécie de vida
continua.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
Talita Cruzhttp://www.blogger.com/profile/13245492853618129678noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2424364442661206308.post-53669547991779982482015-08-23T09:37:00.001-07:002015-08-23T10:06:49.437-07:00A Fagulha<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-4bpX-CZo-G4/VdnmTXjwJrI/AAAAAAAACm8/w0_WI2EIfls/s1600/fagulha.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="214" src="http://2.bp.blogspot.com/-4bpX-CZo-G4/VdnmTXjwJrI/AAAAAAAACm8/w0_WI2EIfls/s320/fagulha.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
Havia o fogo,<br />
Ele ardia, queimava com toda a força e nem se abalava com os ventos que passavam vez ou outra perto dele.<br />
Era imponente, com suas chamas sempre altas e seu calor espalhado por todos os lugares.<br />
Porém, com o passar dos anos, o fogo começou a diminuir lentamente...<br />
O clima ao seu redor se tornava cada vez mais frio, e os ventos pareciam vir dispostos a acabar com a sua força.<br />
Ele não conseguia evitar, e foi se apagando aos poucos, deixando-se levar pela frieza que o rodeava. Em cada chama perdida, havia a tristeza por não conseguir vencer o tempo ruim.<br />
Mas, apesar de forte e impiedoso, o frio não conseguia apagar por completo o fogo.<br />
Ele soprava, rodeava e ás vezes até achava que havia conseguindo congelar todas as chamas, mas uma única e solitária fagulha insistia em continuar acessa.<br />
Ela lembrava de como era feliz quando era grande e forte, e se recusava a apagar para sempre.<br />
A fagulha era tão persistente, que um dia o vendaval começou a enfraquecer. Aos poucos, se transformou apenas em um vento, que continuava a rodear, mas não tinha mais forças para intimidar a pequena chama.<br />
Ela tinha uma nova esperança, e talvez até conseguisse voltar a ser aquele fogo que ardia como antigamente. O caminho era longo, mas de uma coisa ela tinha certeza: O frieza jamais conseguiria apagá-la.<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />Talita Cruzhttp://www.blogger.com/profile/13245492853618129678noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2424364442661206308.post-88517718762580981382015-08-02T08:00:00.001-07:002015-08-02T08:00:08.112-07:00Ana e os óculos<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-Fqu4Py3NIEU/Vb4wYVYylSI/AAAAAAAACmo/oHod4hzkeEM/s1600/oculos-de-grau-disturbios-visao.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="181" src="http://3.bp.blogspot.com/-Fqu4Py3NIEU/Vb4wYVYylSI/AAAAAAAACmo/oHod4hzkeEM/s320/oculos-de-grau-disturbios-visao.jpeg" width="320" /></a></div>
<br />
Ana tinha um problema de visão terrível.<br />
Não era miopia, nem astigmatismo e nem hipermetropia. Mas, para resolvê-lo, ela abusava dos óculos. Tinha vários, tantas opções que conseguia trocar várias vezes ao dia. Mas havia dias que a sua deficiência estava tão acentuada, que nenhum óculos conseguia corrigir.<br />
As pessoas diziam "Hei, Ana, olhe...você não viu direito"! Ela se esforçava, limpava as lentes, olhava mais de perto...mas continuava sem enxergar o que todo mundo via. Isso a deixava desesperada, pois ninguém acreditava nela.<br />
No trabalho ou durante os momentos com seus amigos e sua família, Ana fazia de tudo para colocar seu melhor óculos. Mas, ela sabia que precisava de uma lente especial, que ajustasse sua visão distorcida para sempre.<br />
<br />
Era não era a única que tinha esse problema, e a cada dia descobria que mais pessoas enxergavam o mundo como ela. Todos procuravam a sua lente especial, e ela acreditava que um dia conseguiria encontra-lá. Enquanto isso, ela aprendia a viver sem tropeçar, com passos lentos em busca da visão da realidade.<br />
<br />
<br />Talita Cruzhttp://www.blogger.com/profile/13245492853618129678noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2424364442661206308.post-34505526148836570102012-07-22T18:05:00.001-07:002014-07-06T14:26:02.960-07:00Olhe mais fundo<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-xXs8A9sCGoE/UAyjZ8TY78I/AAAAAAAABPk/y-ktOsdIj88/s1600/Imagens.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-xXs8A9sCGoE/UAyjZ8TY78I/AAAAAAAABPk/y-ktOsdIj88/s320/Imagens.jpg" height="239" width="320" /></a></div>
<br />
Solange pegava todos os dias o mesmo metrô, aproximadamente no mesmo horário, e ficava em pé no vagão sempre no mesmo local. Olhava sempre para frente, para a janela, onde via diariamente os mesmos prédios cinza, os carros parados no trânsito e as pessoas indo trabalhar.<br />
<br />
Nesse dia, estranhamente o céu estava diferente. O azul se misturava com o amarelo do sol de tal forma, que até Solange percebeu. A luz penetrou a janela e refletiu em seu relógio, fazendo o reflexo passear por entre as pessoas que estavam ali. Ela acompanhou esse rápido movimento e se surpreendeu. A senhora sentada em sua frente estava cabisbaixa, tinha o olhar triste e distante, pensava em algo não muito agradável. O rapaz ao lado também tinha o mesmo olhar distante, mas sorria, mesmo estando naquele vagão abafado e barulhento. Estava feliz. Um homem estava com a namorada, observando ela falar sobre a amiga da amiga que ficou com o vizinho na balada. Apesar da mão colocada carinhosamente na cintura da moça, o olhar do rapaz viajava, e com certeza ele não fazia ideia do assunto daquela conversa. O reflexo percorreu várias pessoas e ela observou cada rosto, e como as pessoas pareciam falar apenas com seus olhos e expressões. Pela primeira vez, Solange percebeu quanta vida existia naquele vagão.<br />
<br />
O dia seguiu, assim como a vida, e o céu nunca mais reproduziu aquela mesma cor, mas Solange nunca mais pegou o metrô olhando para aquela janela suja e cinza.<br />
<br />
*2010Talita Cruzhttp://www.blogger.com/profile/13245492853618129678noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2424364442661206308.post-91750252618162779902012-07-12T14:17:00.004-07:002012-07-12T14:17:55.745-07:00Uma carta para o passado<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-k53ehor-Hhc/T_8-0bytB2I/AAAAAAAABPE/3q7VJV0BQ4g/s1600/esperando.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://2.bp.blogspot.com/-k53ehor-Hhc/T_8-0bytB2I/AAAAAAAABPE/3q7VJV0BQ4g/s320/esperando.jpg" width="252" /></a></div>
<br />
Mais uma manhã de aula. E como todos os dias, Ana voltava para casa com as suas amigas.<br />
A escola era seu pegueno mundo, de onde tirava suas referências e suas experiências. Era a mais acanhada das amigas e talvez por isso, não chamasse tanto a atenção dos garotos. Afinal, ausência de beleza e de desenvoltura não é a combinação dos sonhos quando se tem 15 anos.<br />
Era apaixonada por Miguel, um garoto de sua turma. Ela nem sabia o porque, pois ele nem era bonito e também nem era tão legal, mas via algo de especial no menino. Ela o amava.<br />
Miguel, por sua vez, não via nada de especial nela. Ignorava sua existência e dava em cima da amiga de Ana, que parecia não ligar para o fato de que ela sofria calada ao ver isso. Ela gostava muito de suas amigas e fazia de tudo para agradá-las e vê-las felizes, apesar de isso criar feridas que dóiam muito ás vezes. Em certos momentos, sentia-se terrivelmente sozinha e achava que nunca seria feliz, pois só enxergava felicidade nas pessoas ao redor. Era triste e perdida.<br />
Em um certo dia, ela estava deitada em sua cama, ouvindo música e pensando, quando derrepente um pedaço de papel entrou voando pela sua janela. Ela se sentou na cama e pegou o papel. Era uma carta. Assustada, desdobrou a folha e começou a ler:<br />
"Querida Ana, não se sinta tão só. Você é muito especial. Talvez agora não seja o momento para que você perceba isso, você ainda terá que viver um pouco mais para conseguir enxergar certas coisas que acontecem com você. Sabe o Miguel? Você pode não acreditar agora, mas o que você sente por ele não é amor. Amor não é algo que faz sofrer, muito pelo contrário, ele te faz a pessoa mais feliz do mundo. E você saberá o que é isso. Não culpe o Miguel, pois ele também fará muitas descobertas na vida dele.<br />
E as suas amigas que parecem não te enxergar, elas são muito diferentes de você. Elas buscam coisas que no momento não são tão importantes assim na sua vida. Não fique chateada, pois o tempo é relativo para as pessoas e nem sempre as coisas acontecem no mesmo tempo para todo mundo. Talvez a sua vida chegue em um ponto em que você abrirá mão de certas pessoas e conhecerá outras que te sustentarão em momentos muito importantes. Apesar disso, você guardará cada lembrança com muito carinho. Sei que agora você enxerga tudo escuro, confuso e triste, e pensa que a sua vida será uma eterna decepção. Mas acredite Ana, não será. Você passará por muitos momentos lindos. Alías, você será uma bela mulher, diferente das outras em vários sentidos, o que te tornará visível não a qualquer um, mas sim a quem souber verdadeiramente enxergar. Você não sabe quantas coisas vai descobrir, aprender e viver...conhecerá a felicidade bem de perto e vai aprender a lidar com os sentimentos ruins que todo ser humano tem. Eles não vão mais tomar contas de você...<br />
Fique bem e principalmente confiante. Vai dar tudo certo, Eu sei disso! Ass: A.C..."<br />
Derrepente, Ana acordou. Havia sonhado a noite inteira, mas não se lembrava com o que...odiava isso.<br />
Se levantou e se arrumou para ir para a escola. Suas amigas passaram em sua casa e foram todas juntas, como todos os dias.<br />
Na hora da chamada, Ana estava distraída, tentando se lembrar do sonho que teve. Até que leva uma cotovelada de sua amiga:<br />
- Ana, a chamada! A professora já falou seu nome três vezes!<br />
- ANA CRISTINA! - grita a professora.<br />
- Presente...<br />
E ela retorna para as suas divagações:<br />
- Será que um dia o Miguel vai olhar para mim...?<br />
<br />
*2011<br />Talita Cruzhttp://www.blogger.com/profile/13245492853618129678noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2424364442661206308.post-22291219272042066302012-07-12T14:11:00.003-07:002012-07-12T14:11:44.913-07:00Marcela e a caixa<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-NglTCMjc2IM/T_89LTXgVWI/AAAAAAAABO4/1wBQJNBPXMw/s1600/praca_republica3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="203" src="http://4.bp.blogspot.com/-NglTCMjc2IM/T_89LTXgVWI/AAAAAAAABO4/1wBQJNBPXMw/s320/praca_republica3.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
Marcela sempre foi um exemplo de menina. Em casa, na escola, todos a admiravam pela sua delicadeza e simpatia. Estava sempre disposta a ajudar seus amigos e as pessoas próximas, afinal, todos precisam de alguém assim. E todos contavam com ela.<br />
Mesmo depois de moça, ela continuava a ser muito prestativa, sempre com uma palavra compreensiva e um gesto de atenção.<br />
Mas algo sempre intrigou as pessoas próximas de Marcela. Desde pequena, ela andava com uma pequena caixa de madeira em suas mãos. Ia com o objeto para todos os lados e dificilmente o soltava, a não ser para dormir, tomar banho ou comer.<br />
Todos eram curiosos para saber o que Marcela carregava dentro daquele objeto, mas nunca se preocupavam muito, afinal, ela era uma ótima pessoa. E isso nunca interferiu na vida de ninguém.<br />
Em um certo dia, Marcela estava sentada no banco de uma praça, com a caixa de madeira ao seu lado. Estava despreocupada, pensando em sua vida e nas pessoas, até que um senhor sentou ao seu lado. Imediatamente, Marcela pegou sua caixa.<br />
O velho homem percebeu o gesto, e o achou familiar.<br />
- Hoje está um dia bonito, não? - puxou assunto o velho.<br />
- Sim, muito bonito - respondeu Marcela. O senhor costuma passear por aqui?<br />
- Ás vezes...gosto de observar a movimentação da rua. E você?<br />
- Eu o que?<br />
- Costuma passear por aqui? - perguntou o senhor, com um sorriso divertido.<br />
- Ah sim, ás vezes. O senhor vem sempre sozinho?<br />
- Sim, eu gosto de ficar sozinho de vez em quando. As pessoas me cansam ás vezes.<br />
Marcela arregalou levemente os olhos com essa afirmação.<br />
- Como as pessoas te cansam? - ela perguntou.<br />
- Na verdade, acho que não são as pessoas que me cansam. Eu já nasci cansado. Não fui feito para esse mundo, e olha que com a minha idade, eu já deveria ter me acostumado - sorriu o idoso.<br />
- Isso deve ser...um pouco triste - disse Marcela.<br />
- Bom, ás vezes é sim. Mas era muito mais triste quando eu era jovem.<br />
- Por quê?<br />
- Porque eu agia contra o meu instinto natural. Tinha muitos amigos, muitas pessoas em minha volta. Mas todos, apesar de próximos, eram diferentes de mim. Como eu era "minoria", sempre fui um pouco diminuído. Então, fui o ouvido amigo, o conselheiro...porque conhecia muito bem todos, mas ninguém me conhecia.<br />
Marcela escutava atenta, e ao mesmo tempo um pouco assustada.<br />
- E você não é mais assim? - perguntou.<br />
- Sempre gostei mais de ouvir do que de falar, gosto de conhecer a história das pessoas. E foi com isso que aprendi ao longo dos anos que as pessoas passam a vida a falar, cobrar do próximo, olhar para dentro de si mesmas..travando diariamente pequenas lutas de ego. A grande maioria não percebe que age assim, afinal, estão de certa forma "cegos". Mas existem pessoas que não são tão cegas assim. Essas enxergam as atitudes alheias e as próprias de uma forma diferente, mais clara. E nessa luta, esses indivíduos acabam mais como "expectadores", que muitas vezes só escutam e aconselham...e vivem as suas lutas calados.<br />
E ao contrário da maioria, esses dificilmente possuem alguém para escutá-los e aconselhá-los.<br />
Marcela sentia seus olhos enchendo de lágrimas.<br />
O velho continuou:<br />
- Quando eu percebi que era um expectador, consegui direcionar melhor o meu olhar para as situações e pessoas "certas". Isso foi muito bom, tirei um peso que levava comigo o tempo todo. Era como se eu carregasse algo pesado..como uma caixa.<br />
Marcela olhou para a sua caixa e começou a chorar, tocada por tudo que acabara de ouvir. O velho senhor então tirou levemente a caixa das mãos da moça, e disse:<br />
- Não deixe o mundo te aprisionar. Viva e observe o que há de bom, mas faça isso com os seus olhos. Não importa se eles enxergam o que ninguém vê, o importante é que você vê.<br />
Então Marcela deu um forte abraço no velho senhor, levantou-se do banco e partiu, com uma liberdade que nunca havia sentido antes.<br />
O senhor observou a moça indo embora, com um largo sorriso de satisfação.<br />
- Ela agora tem os braços livres. Agora sim, pode até voar...<br />
<i><br /></i><br />
<i>*2011</i><br />Talita Cruzhttp://www.blogger.com/profile/13245492853618129678noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2424364442661206308.post-30749408598006380652012-07-12T13:52:00.001-07:002014-07-06T14:35:13.527-07:00Pouco<a href="http://4.bp.blogspot.com/-Y58G3W14BzQ/T_86pWSumYI/AAAAAAAABOw/QlUcgMtEcvs/s1600/beijo.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://4.bp.blogspot.com/-Y58G3W14BzQ/T_86pWSumYI/AAAAAAAABOw/QlUcgMtEcvs/s320/beijo.jpg" width="214" /></a>Se olhavam confusos, envergonhados e cheios de desejo. Foi então que ele a pegou pelo pescoço, e quando ela sentiu seus dedos em sua nuca, viu que nada mais impedia que suas bocas se encontrassem.<br />
Foi um beijo ansioso e ao mesmo tempo tranquilo e macio. Ambos se entregaram ao que seus corpos pediam naquele momento.<br />
Ficaram durante alguns minutos, conhecendo o gosto, o cheiro e o toque um do outro. O mundo não existia mais.<br />
Isso até seus lábios se separarem novamente. Nesse momento, ela acordou, olhou ao redor e para si mesma, e se recordou de seu mundo. Um beijo...que ficaria ali para sempre, mas que não seria o bastante.<br />
<br />
<br />Talita Cruzhttp://www.blogger.com/profile/13245492853618129678noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2424364442661206308.post-76675211848800126452012-07-06T18:43:00.002-07:002012-07-06T18:43:37.245-07:00Os dois lados da mesma palavra<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-5kVd1KCKaBY/T_M9lPouXkI/AAAAAAAABOk/-ZtMM5e_N1Q/s1600/2255101.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="278" src="http://3.bp.blogspot.com/-5kVd1KCKaBY/T_M9lPouXkI/AAAAAAAABOk/-ZtMM5e_N1Q/s320/2255101.jpg" width="320" /></a>Palavras. A paixão de ambos. E talvez por isso faziam tanto o uso delas, e as usavam com a intensidade de quem só tem aquilo e precisa se doar através do que possui. Conversas únicas, em que as risadas e a imaginação eram as protagonistas. Muitas vezes estavam dispersos, pois seus mundos particulares eram grandes e necessitavam de mais atenção em alguns momentos. Mas quando alcançavam a mesma linha de pensamento, o que nem era tão difícil, iniciava-se o duelo de intenções, ambos com seus desejos e estratégias. Chegaram muito perto de abandonar as palavras e transformá-las em momentos, mas um dos lados era complicado. O outro lado, por sua vez, não tinha medo e sempre se arriscava em sua vida. Foi nesse ponto em que as palavras, apesar de importantes, necessitaram de algo mais para finalmente serem transformadas. Esse algo a mais cabia apenas a uma das partes, o que não era compreendido pelo outro, que aliás, achava que compreendia. Isso porque, apesar da paixão de ambos pelas palavras e significados, elas não pudessem sustentar a vida de fato.Talita Cruzhttp://www.blogger.com/profile/13245492853618129678noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2424364442661206308.post-78080419830934830292010-12-16T16:19:00.001-08:002012-06-17T18:46:42.537-07:00Tatuagem<br />
<div align="center">
Na minha pele existe uma tatuagem invisível. E nela te carrego durante todo o dia e todo o tempo. Lanço pedaços de você em todos os lugares, só para poder observar e sentir a sua presença secretamente.</div>Talita Cruzhttp://www.blogger.com/profile/13245492853618129678noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2424364442661206308.post-84179877943343205722010-12-04T15:41:00.000-08:002012-06-17T18:47:42.008-07:00Amigas<br />
<div>
Companheiras na solidão dos pensamentos, quando o frio se faz presente e a boca se fecha para o mundo. São minhas paixões, as palavras não me julgam, não me apontam, são minhas amigas eternamente...</div>Talita Cruzhttp://www.blogger.com/profile/13245492853618129678noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2424364442661206308.post-40297099597441723692010-10-30T07:03:00.000-07:002012-06-17T18:47:49.706-07:00Mastigando<br />
<div>
Sentou-se no chão do quarto, com a cabeça encostada na cama, as pernas esticadas imóveis e o olhar perdido no teto. Ao fundo, ouvia o refrão de uma música do Kansas, que ironomicamente dizia "Dont't cry no more". Para ela, tudo aquilo parecia uma cena melodramática de um filme adolescente qualquer. Mas no fundo, já conhecia muito bem esse seu modo de encarar suas intermináveis divagações: mastigando lentamente.<br />
Era uma constante em sua vida. No ônibus, no trabalho, no almoço, no "happy hour" com seus poucos amigos, no banho e na cama, não existia lugar específico, sua mente sempre fervilhava. Não era do tipo falante, por vários motivos preferia guardar suas preciosas palavras para si mesma.<br />
Nos últimos tempos, isso a incomodava muito, pois a sua vida tomava contornos que talvez não permitissem mais as suas "mastigações". Sabia que precisava mudar, mas ainda tentava descobrir extamente por qual motivo. Os motivos que lhe mostravam todos os dias ainda não eram suficientes. Apesar disso, a cada dia deixava escapulir uma palavra, com a esperança de que ela voltasse para o lugar de que saiu com o menor número de arranhões possíveis. Seria isso possível?<br />
Agora ouvia Lobão. "Chove lá gora e aqui, faz tanto frio..." Uma ótima música para olhar perdidamente para o teto. O amor era seu alvo preferido para "mastigações", fosse o antigo, o atual ou o próximo, esse último, o mais preocupante de todos.<br />
Teimosamente, ainda estava ali, sentada no chão da beirada de sua cama. Apesar dos esforços dos últimos dias, não resistia ao trubilhão de sentimentos que a invadiam. O mundo real podia esperar mais uma música.</div>Talita Cruzhttp://www.blogger.com/profile/13245492853618129678noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2424364442661206308.post-10977265811719627532010-10-26T12:45:00.000-07:002012-06-17T18:48:46.806-07:00Quebra cabeças<br />
<div align="center">
Sou um quebra cabeças,</div>
<br />
<div align="center">
de milhões de peças espalhadas.</div>
<br />
<div align="center">
E a muito tempo comecei a montá-lo,</div>
<br />
<div align="center">
com as peças mais fáceis de se encaixarem.</div>
<br />
<div align="center">
</div>
<br />
<div align="center">
Por um período muito longo desisti, e o deixei de lado,</div>
<br />
<div align="center">
Pois me preocupei em jogar outros jogos.</div>
<br />
<div align="center">
</div>
<br />
<div align="center">
Agora resolvi olhar as peças novamente, </div>
<br />
<div align="center">
e finalmente vi onde algumas se encaixam.</div>
<br />
<div align="center">
Tento a cada dia colocar uma peça em seu determinado lugar</div>
<br />
<div align="center">
e quando paro para ver o trabalho, confesso que me surpreendo.</div>
<br />
<div align="center">
</div>
<br />
<div align="center">
Confesso também que sempre soube onde algumas peças</div>
<br />
<div align="center">
se encaixavam, mas não queria montá-las.</div>
<br />
<div align="center">
Não me agradava o resultado.</div>
<br />
<div align="center">
</div>
<br />
<div align="center">
Mas sinto que agora preciso ter o jogo completo,</div>
<br />
<div align="center">
e observo com atenção peça por peça.</div>
<br />
<div align="center">
O jogo mais difícil de se terminar...</div>
<br />
<div>
</div>
<br />
<div>
</div>Talita Cruzhttp://www.blogger.com/profile/13245492853618129678noreply@blogger.com0